Um choro seguro e encabulado numa ponta atravessa um grande portal. Anunciação de desafios.
Segura! Respira, respira!
Noutra ponta o choro preso e sufocado.
Entre seguras lágrimas presas, nasce a filha da ausência.
Por muito tempo, se tornou refém da ausência. Cresceu sobrevivendo, criando vírgulas quando o texto pedia ponto final.
Até que atravessou uma ponte. Entre uma ponta e outra o coração diz-pára!
Quando tudo fora pára, a filha da ausência retorna. A memória da chegada pede partida.
Pontos doloridos suplicavam o ponto final, para enfim renovar, renascer-se!
Na minha árvore tem muitos pontos de interrogação.
Faço deles travessia, e naqueles pontos sem cor, muitas pontas perdidas fizeram perceber que existe um portal da ilusão, da menina cega, que ausente de si se separou do Todo e se enfeitou com seu véu.
Ela passou pela portal filha da ausência para o filha de si.
Aprendeu que o outro é espelho. E se deparou com muitas filhas da ausência em tantos pontos do espaço e do tempo precisando acessar o portal do amor.
Nayalla Buarque