Postagem

O inconsciente e seu processo de comunicação

Hoje venho falar da manifestação do inconsciente, que tenta se comunicar espontaneamente através de sintomas físicos, relacionais e materiais, ou via insights e sonhos.

Contudo, quando nos encontramos em momentos de auto busca, é natural o desejo de expandir essa comunicação, que é sempre simbólica.

Os baralhos, com seus arquétipos, nos trazem a possibilidade de estreitar o diálogo com esse mundo figurado. É bem verdade que muitas vezes o tarólogo ou cartomante realizam as leituras de forma adivinhatória, conduzindo a cenários que parecem pré determinados, como se o destino estivesse imposto um único caminho ou resultado futuro.

Podem ainda fazer uma abordagem de tendências que variarão ou não de acordo com o posicionamento do consulente.

 

Sem a pretensão de (des)valorar qualquer leitura, hoje venho falar da possibilidade de utilizar o oráculo no processo de expansão de consciência, num diálogo com os mistérios que nos habitam, que tanto nos instigam como também nos angustiam.

São os segredos da nossa alma  que geram o impulso que nos faz buscar o oráculo, entendo que esse é um caminho sagrado onde o peregrino descobre algumas pistas para minimizar as quedas durante a jornada.

O baralho é, portanto, uma ferramenta de conversa com a alma, uma possibilidade de compreender a trajetória até o momento presente e refletir sobre o que de fato será valoroso nos próximos quilômetros de estrada.

 

Na caixa de ferramentas Sanakay temos um baralho, que não é um tarô, é um jogo que vem descrevendo o caminho da alma, passando pela mônadas, conexões multidimensionais, organização das energias feminina e masculina, até chegar à relação com o corpo, com a matéria, com a parceira(o).

Como não poderia deixar de ser, tirei uma carta para saber qual apresentaria aqui hoje, e veio a Lilith.

 

Falar de Lilith é lembrar do mito onde o ser humano foi expulso do paraíso pelo sexo, movimento gerador de vida, que possibilita novas criações e diferentes manifestações de suas criaturas.

A experimentação do “fruto proibido” nos conduziu ao Portal da Totalidade, à percepção da dualidade neste mundo material donde vivem os opostos aguardando que os integremos.

Lilith não sai do Paraíso porque fez sexo, mas por negar se submeter a Adão, por exigir ser considerada sexualmente.  Adão em seguida recebe Eva, cordata e rendida, domada.

O mito evidencia uma separação da manifestação feminina a partir da figura de Adão.  Toda a cultura patriarcal reflete esse mito e a carta da Lilith quando aparece no jogo traz algumas reflexões que precisam ser relacionadas com o atual momento de vida e/ou questão da consulente.

 

Na polaridade positiva essa carta fala da potência feminina, da sensualidade, do magnetismo, da paixão, intuição, sensibilidade, inspiração, da capacidade de ser fiel a si mesma, a seus propósitos, a não aceitar abuso ou preconceito de gênero.

 

Mas pode também vir evidenciando sombras como: triângulos amorosos, traições, preconceitos, inveja, rivalidade entre figuras do mesmo gênero, preconceito.

Pode evidenciar disputa por parceiros e a necessidade da sororidade entre mulheres, o olhar empático e fraterno entre elas. Pode estar falando de bloqueios na sensualidade e sexualidade ou do mal uso destas, ou ainda de compulsão por sexo ou conquista. Ou ainda indicar a separação da mulher sensual da mãe, por exemplo.

Pode indicar dificuldade sexual: conflito entre tesão e religiosidade, vaginismo, frigidez, ejaculação precoce ou algum tipo de insatisfação com a sexualidade do cônjuge.

Ela também pode vir revelar a sombra de pessoas que se dizem muito bem resolvidas em sua solitude e liberdade, mas que usam isso como desculpa para evitar frustrações no campo amoroso, entre outros aspectos.

 

Citei algumas possibilidades para que fique claro que todo jogo é único, e ainda que duas pessoas escolham a mesma sequência de cartas, estas poderão trazer perspectivas completamente diferentes, pois são apenas a porta por onde começa o diálogo com a sabedoria maior do consulente, a observação de si e das suas escolhas.

Há algo maior nele que o faz buscar aquelas cartas e não outras. E ainda que o desejo de quem busque o jogo seja sair com todas as respostas claras, muitas vezes as perguntas que ele levará é que farão a grande expansão em sua vida, a partir das reflexões propostas.

O jogo é divinatório, destinado à expansão consciencial que ocorre através da liberação do conteúdo que o inconsciente faz quando a mente alcança a mensagem.

Em hipótese alguma o jogo deve ser o que define caminhos isentando o consulente da responsabilidade por tudo que acontece em sua vida, por isso antes de começar a tirada de cartas, existe uma pequena tiragem para testar se há abertura para o diálogo com o inconsciente.

 

O baralho pode ser uma excelente ferramenta de autoconhecimento quando os buscamos com esse propósito.

Alessandra Melo

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest